Cabelo branqueado com água do mar e o sol tropical, Lakshit fica à beira da muralha do forte do Galle do século XVII, deixando o cabelo dele dançar ao som do vento. São 8 da manhã, mas a temperatura é sufocante o suficiente para que haja apenas um punhado interessado no espetáculo. Eu estou bem na frente de um pequeno grupo - câmera na mão, dedo no obturador. Lakshit centra-se mais perto da borda, até que os dedos dos pés saem da base de pedra, um, dois, três, e pra fora ele vai, voando pra água, o vento puxando os cabelos encaracolados para trás. Lakshit mergulha em 40 pés de queda, estilo Titanic e aterrissa em águas perigosamente rasa, de 4 pés de profundidade, entre rochas escarpadas na base. A multidão surta em palmas e felicitações.
Eu cheguei em Galle, Sri Lanka, com amigos na manhã anterior e me inscrevi para uma caminhada patrimonial conduzida pela escritora e fotografa Juliet Coombe, cujo livro "Around The Fort In 80 Lives" é uma documentação abrangente de Galle e seu povo. Quando eu disse a ela que eu estava interessado em mais do que apenas a história do lugar, ela sugeriu que eu conhecesse os saltadores de penhascos e que tivesse assento de primeira fila para seus saltos desafiadores da morte.
Na manhã seguinte, esfregando o sono de nossos olhos, caminhamos até o forte. Felizmente, foi apenas um passeio a pé do nosso hotel. Os cafés ao longo das ruas de paralelepípedos estavam bem movimentados, e ainda não havia vestígios de turistas com protetores solares. As muralhas grossas de granito foram originalmente construídas pelos portugueses em 1588, em torno da cidade de Galle, e posteriormente fortificadas pelos holandeses.
No forte, vi um grupo de meninos locais jovens, sem camisa, sentados na parede. Eles riram com abandono casual, puxando as pernas uns dos outros. O que os entregou como os saltadores de penhascos eram os corpos castanhos bronzeados tonificados. Havia sido dito, que cada um dos meninos faz cerca de 5 saltos em um dia e que ficam por perto do forte caso haja mais interessados na temporada.
Curioso para saber mais sobre suas vidas, cheguei mais próximo para um oi casual. Desses, Lakshit, o mais confiante, estava feliz em falar inglês desajeitado. Ele me disse que havia apenas alguns homens jovens que pulavam diariamente e conseguiram sobreviver a esses precários saltos aterrissando de peito. "É uma arte que apenas um punhado dominou", ele sorriu. "Muitos outros acabam com costelas quebradas".
A jornada de Lakshit começou com uma baixa renda doméstica e um simples aborrecimento pela escola. Ele se refugiou em torno da parede do forte, olhando para o oceano e passando o tempo com os amigos. Ele tinha 12 anos quando o grupo deles o atreveu a fazer seu salto de estreia. Ele parecia ser nato. Logo, Lakshit percebeu que estava desenhando uma grande multidão de turistas que visitavam o forte, e o dinheiro apresentava-se em proporções generosas. Viajantes fascinados o observavam com admiração, pois esta era a única cena cheia de ação no Galle, que até então era tranquilo. Desde então, Lakshit, agora com 28 anos, fez mais de mil saltos do penhasco.
Nosso breve bate-papo terminou quando ele foi sinalizado para se deslocar à um mergulho. Eu segui com a câmera, parando logo em frente. Meu coração parou por um segundo observando-o chegar perto da beirada. Ele olhou para a água, fechou os olhos, um, dois, três. E então ele voou.
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